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Para sempre

Em um dia qualquer de 1989, Porto Alegre amanheceu trazendo calor para receber uma nova linha de ônibus da Carris: o T5. Do São Geraldo ao Praia de Belas, a bordo da nova opção de transporte, uma dupla de meninas divertia-se com a paisagem. Era a inauguração do Transversal 5, que leva moradores da Zona Norte à Zona Sul até hoje.

No fim dos anos 80, os shoppings já seduziam adultos e crianças de todas as idades. Assim sendo, na parada final, rente à porta do santuário das compras, elas esperaram o coletivo retornar para o bairro de origem, cumprindo o trajeto, ida e volta. Só existia o momento presente. A mágica de vivenciar uma nova experiência por completo, sem possibilidade de interrupções ou distrações. A vó ensinava para a sua neta, na prática, como manter o foco, apesar das tentações.

Mas as lições não pararam aí. Essa mesma guriazinha muito ficou na ponta dos pés (e sem sapatilha). Seus olhos puxados, ao alcance da superfície da mesa e das mãos que amassam o pão. Pedia: deixa eu fazer um em formato de bonequinho? Posso comer a massa crua? Quero espalhar a farinha! Vou raspar a panela! Ela sempre deixava. Sempre. Uma paciência que não esgotava, acompanhada de uma boa gargalhada, sua marca pessoal. Uma forma de mostrar a sabedoria da convivência, do compartilhamento e da atenção.

Além de ajudante de cozinha, essa criança de 5 ou 6 anos também mandava ver na mamadeira, no prato fundo com leite, banana e farinha láctea e no ovo cozido com a gema bem molinha. Tudo antes do almoço. Pra continuar crescendo e ficar bem corada, como a vó gostava de ver. Com isso, ela deve ter aprendido sobre obediência, refinado o paladar e dilatado o estômago, consequentemente.

Tinham ainda os dias de visita, aniversário e Natal, com certeza de banquete no apartamento onde sempre cabia mais um. Assa daqui, mistura dali, corta, mexe, põe no fogo, esfria, monta o prato, fecha bem o pote de vidro. A pequena sempre de olho, observando aquele furacão que parava pouco, quase que exclusivamente para atender as amigas ou ver um pouco de televisão. Atitudes de quem sempre se doava, oferecendo a melhor companhia e os melhores quitutes, em qualquer situação.

Quando não cozinhava, costurava. Quando não costurava, saía para buscar alguma coisa. Quando não saía, perguntava o que queriam que ela fizesse. Era ela, sempre pronta, ao inteiro dispor. Pouco estudo e muito conhecimento. Uma simplicidade sábia, de alma evoluída.

A minha vó partiu cedo, mas deixou tanto. Não sei se mais exemplo ou mais saudade. Gosto de imaginar que ela foi dar uma volta de T5, atravessando o paralelismo da vida rumo a outra dimensão. E de pensar que sou um pouco dela, pelo menos tento ser.

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Obrigada por ler o meu texto! Sou jornalista e mestre em Letras. Você pode me convidar para bater um papo, ministrar cursos rápidos ou contribuir de alguma forma com o seu projeto. Ficarei muito feliz com o seu contato :)

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